terça-feira, 21 de setembro de 2010

Férias!


A vida vai bem, obrigada. Eu poderia dizer sinceramente. Mas acontece que nem isso é tão simples assim: sinto um certo incomodo em estar tudo verdadeiramente bem, sem nem um probleminha sequer pra se preocupar. Sei que é louco dizer isso mas após anos mergulhada numa vida repleta de confusão, estar com tudo em ordem soa esquisito. Que insano isso?! Acho que rola um pouco de culpa... Eu, hein!!!! Freud deve explicar...

Mas talvez em um outro momento eu tenha dado vazão, mesmo sem perceber, à criação de novos problemas em tempos de calmaria; mas já basta. A minha onda agora é realmente curtir minha paz, em meio à sombra e água fresca. E por falar nisso, vou indo nessa... Tenho que olhar as estrelas, ficar de pé no chão, comer muito camarão e tomar cerveja gelada imersa nas águas cristalinas da Lagoa Azul... Ai, ai.... Só penso na sensação que vou sentir ao deitar na rede aí da foto... Putz, vai ser tudo!

Bye, bye! Até a volta.


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Numa segunda-feira qualquer de quase primavera...

Hoje seria um dia em que gostaria de ter “aquela” boa companhia para jantar em casa, ver tv, ficar quieto junto, cada um no seu mundinho particular. Não queria fazer nada demais não. Só queria sentir a presença "daquela" pessoa querida ao lado, em plena segunda-feira cotidiana, em que se chega cansado do trabalho e tudo o que se quer é fazer nada. Desejo simples e complexo esse.

Complexo porque compartilhar uma segunda-feira cotidiana não é para qualquer um e, muito menos, com qualquer um. Verdade seja dita.
Apesar de já fazer uns bons anos que não sei o que é isso, a experiência vivida me deixou um bom legado, acredito sinceramente. Tanto é que consigo reconhecer que a mesma vontade que me motivou a escrever esse post, um dia foi a grande vilã de uma estória que tinha tudo para dar certo, em teoria. Quem já viveu uma vida a dois sabe como o cotidiano pode ser cruel.

E o pior é que, ao que me parece, o mais provável é que a rotina a dois, em qualquer relação, naturalmente tende a se tornar monótona, mesmo com muito amor. Quiçá com pouco! Mas e aí? Faz como?

Na verdade fazia tempo que não me lembrava dessa sensação com tanta clareza. E está sendo bom. Bom porque me fez reconhecer que por detrás da minha declarada vontade de vivenciar novamente uma relação de maior proximidade, que possibilitaria (também em teoria) realizar o meu desejo do dia, há uma gama de “coadjuvantes” que na hora de sonhar passam desapercebidos. Mas na vida real eles não se deixam passar desapercebidos. Pelo contrário. Têm grande destaque.
Até então, na minha mente sonhadora, todo dia deveria ser dia do mocinho beijar a mocinha, de dar-lhe flores, contagiá-la com mil e um papos interessantíssimos, recebê-la com o sorriso mais aberto e o melhor dos humores, etc, etc, etc. Mas é óbvio que o cotidiano mostra tudo o que de mais verdadeiro o outro pode oferecer: carinho, atenção, respeito, companheirismo, até ser mal-humorado, soltar pum, ser egoísta, não estar a fim de fazer a mesma coisa, não ter tempo livre, querer sair com os amigos, etc, etc, etc. É, vida a dois, definitivamente, não é fácil não.

E depois de ler muita Martha Medeiros, Arthur da Távola, Arnaldo Jabor e literaturas afins, ao longo dos meus exatos 15 anos de sonhos super ultra mega encantados, não tenho mais dúvida que as relações que dão certo são baseadas numa espécie de compartilhamento de concessões. Um concede aqui, outro ali, e aos poucos os dois vão encontrando uma forma de equilibrar vontades e expectativas. Putz, mas haja disposição, ainda mais em tempos de tanto imediatismo e conseqüente ansiedade!

Na verdade, acho que os avanços tecnológicos somados ao aumento do consumo, de uma forma geral, trouxeram sérias e irreversíveis mudanças na forma de se relacionar no mundo contemporâneo. Hoje o que se considera é se o outro atende de imediato às nossas vontades e expectativas. Se não atender, a gente tende a imediatamente virar a página e fazer a fila andar num curtíssimo espaço de tempo. E essa prática tem tornado as relações cada vez mais frágeis e voláteis, como bem insiste em dizer o meu já considerado amigo Zigmund Balman, tão mencionado por mim aqui em outros tempos. Prova disso é a quantidade avassaladora de casamentos que não chegam a completar nem um ano, o que não pode causar espanto diante desta nova realidade em que ninguém está disposto a aprender a conviver, a dividir rotina e regar a relação diariamente, com um agradinho aqui, outro ali, para fazer com que o amor floresça de verdade, em meio às chatices inevitáveis do cotidiano.

A verdade é que todos nós queremos ter o mesmo amor extraordinário que vemos na novela das oito, ao chegar em casa cansado numa segunda-feira cotidiana. E assim, mata-se qualquer chance de amor verdadeiro num curto espaço de tempo; enquanto isso, multiplicam-se solteiros sonhando com romances impossíveis.

O que se escuta dizer muito comumente por aí é que o primeiro ano é crucial. Ou vai ou racha. Ao se deparar com a primeira segunda-feira monótona, o que se faz é achar logo uma válvula de escape para se evitar situações cotidianas. Mas como fugir do cotidiano se uma hora ou outra ele irá aparecer trazendo consigo a tão temida monotonia, a mesmice, a falta de assunto, etc, etc, etc. E aí? O amor acaba? Todos os planos juntos vão por água abaixo? Será que existe uma fórmula para evitar que a monotonia se instaure na relação e extermine qualquer possibilidade de se enxergar um brilho nos olhos do outro em plena segunda-feira cotidiana?

Não acho que seja fácil construir uma relação duradoura, onde prevaleça ao menos a metade de tudo aquilo que a gente sonha, mas sou crédula quanto a tornar esse paraíso possível se os dois estiverem dispostos a rever conceitos, reiventar regras e caminhas de mãos dadas, munidos de uma única certeza: que um faz bem ao outro.

Bom, não sei se um dia irei me casar de novo (I hope so!) e construir a família que sonho desde pequenininha, mas hoje consigo enxergar a realidade de forma muito clara, apesar de volta e meia insistir em sonhar acordada com um romance impossível. Vida a dois não é mole não!

Mas a verdade é que sigo em busca de uma companhia especial que se identifique com o que estou dizendo e tenha energia disponível para compartilhar da disposição de dividir o silêncio de uma madrugada ou mesmo um agito de sábado à noite; que saiba expor sentimentos; ouvir e calar quando necessário; que esteja disposto a doar-se e a receber; que queira aprender a conviver, dia a dia, motivado pela vontade de aprender a compartilhar momentinhos cotidianos, mesmo que eles já estejam carimbados com a monotonia nossa de cada dia.

E mesmo os aventureiros dispostos a tentar ir adiante e enfrentar todos os desafios de uma vida a dois, ainda poderão se deparar frente a frente com a pior das solidões: a solidão a dois. E por já tê-la visto de perto, reconheço sua frieza, com todas as suas nuances, e, consequentemente, não duvido de sua temeridade.

E é por isso que, enquanto isso, na sala de justiça, em meio a tantas reflexões em meio a uma segunda-feira qualquer de quase primavera, vou vivendo mais esta noite solitária em muito boa companhia: a minha.

“ Que minha solidão me sirva de companhia;
Que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Que eu saiba ficar com o nada
E mesmo assim me sentir
Como se estivesse plena de tudo”

Clarice Lispector

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Reflexões: Gudang Garam


Não fumo por paixão. Pelo contrário. Sou daqueles fumantes que odeia fumar. Que coisa mais insana! Sinceramente, não sei por que insisto em perpetuar esse hábito (já se vão mais de 10 anos...). Não gosto do cheiro, do gosto, do mal estar que normalmente causo aos que estão a minha volta. Mas sigo insistindo. Ato indubitavelmente insano mas que insisto em repetir toda vez que me sinto ansiosa, sozinha, preocupada ou, por qualquer razão, agoniada.

Há quem afirme com convicção que o cigarro é um amigo. E isso não poderia negar. Amiga ingrata eu jamais seria. É ele quem, invariavelmente, me faz companhia em momentos de reflexão ou noites insones, quando o pensamento extrapola a mente e vaga por entre minhas mil e uma curiosidades e divagações.

Espero em breve poder me libertar desse mal. Realmente sinto que estou passando dos meus limites físicos. O meu corpo pede arrego; mas por enquanto, ao menos por hoje e durante o tempo que escrevo esse post, sigo ainda nessa, mas cada vez mais imbuída daquela minha convicção mágica, que só eu conheço, de que o fim dos tempos do Gudang Garan na minha vida está chegando.

Amanhã vou ligar pro pneumologista. Vou usar adesivo, tomar mais um remedinho de homeopatia ou sei lá o quê. Vou banir esse hábito da minha vida. Fica aqui registrado esse compromisso que assumo comigo mesma.

Neste momento da minha vida e para todo o sempre, prometo não dar espaço a mais NADA que me faça mal nessa vida!

O meu destino está nas minhas mãos.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Intimidade nossa de cada dia.

Em homenagem à melhor coisa de todo e qualquer relacionamento, a intimidade, dedico este post à poesia de Maria Rezende, que para mim é e sempre será um clássico.


Adoro pau mole.

Assim mesmo.

Não bebo mate,

não gosto de água de coco,

não ando de bicicleta,

não vi ET

e a-d-o-r-o pau mole.

 
Adoro pau mole

pelo que ele expõe de vulnerável e pelo que encerra de possibilidade.


Adoro pau mole

porque tocar um pressupõe a existência de uma intimidade e uma liberdade

que eu prezo e quero, sempre.

Porque ele é ícone do pós-sexo

(que é intrínseca e automaticamente

- ainda que talvez um pouco antecipadamente)

sempre um pré-sexo também.

Um pau mole é uma promessa de felicidade sussurrada baixinho ao pé do ouvido.

É dentro dele,

em toda a sua moleza sacudinte de massa de modelar,

que mora o pau duro e firme com que meu homem me come.